domingo, 13 de fevereiro de 2011

Na Sala de Jantar, Uma Onça "Pintada".


Quem é da minha geração deve lembra-se da "Onça Pintada" na sala de jantar do casarão de Dona Maria-José!

Uma pintura de muito realismo, feita diretamente na parede: fazia-me tremer de medo! A sensação que eu tinha era de que a qualquer momento ela, a onça, saltaria da parede, encravando suas unhas afiadas em meu pescoço de menino medroso. Segurava firme na mão da minha avó – acreditava que Dona Flor era infinitamente mais forte que aquela onça e não permitiria que eu fosse atacado! Hoje eu sei que Dona Flor é mesmo infinitamente mais forte que aquela "onça pintada", embora seja também "forte" a onça "pintada" na sala de jantar de Dona Maria José! Mas Dona Flor é forte, e é supra-real, e faz a onça do casarão de Dona Maria José permanecer real em "Boa Nova, Uma Utopia". Hoje eu sei, a Onça na Sala de Jantar de Dona Maria José sempre será a certeza de que o pós-moderno é o espírito que torna "Boa Nova, Uma Utopia" algo tão vivo, tão concreto, tão digno de ser decantado em verso e prosa! Terá sido mesmo dona Maria José ou Seu Dario quem encomendou a belíssima obra de arte para a parede da sala de jantar?! Seja lá como for, um brinde à Boa Nova, e que as taças sejam sempre do mais puro cristal, e o vinho da melhor qualidade!

OUTRA DOMADORA PARA A "ONÇA PINTADA".

Uma senhora de pele e espírito claríssimos, piedosa como uma judia ortodoxa! Sim, uma mulher sempre pronta para ajoelhar-se diante de tudo o que é sagrado! Uma mulher que parecia viver sempre no Tempo da Delicadeza: de sua boca nunca se ouviu uma palavra torpe! Uma Senhora a quem os mais novos, com profunda e verdadeira reverência, faziam absoluta questão de lhe pedirem a bênção, e ela, tendo Deus como cúmplice, abençoava a todos nós! Sim, estou falando de Dona Maria José! Ela morava num antigo casarão, situado na Avenida Nossa Senhora da Boa Nova. Um casarão com amplas salas de assoalho que ela, generosamente, cedia para que Márcina e Télia realizassem seus “dramas”! Sim, isso mesmo, DRAMAS! Este era o nome que se dava às produções teatrais de Márcina e Télia na década de l970, lá na doce Boa Nova! Ah! E aquela onça "pintada" na parede da sala de jantar?! Era uma Onça Sinistra! Eu morria de medo! Mas a doce presença de Dona Maria-José parecia deter a fera que ameaçava pular da parede e encravar suas unhas afiadas em meu pescoço! É, meu caro! Bons tempos aqueles! Hoje, quando muitos de nós parecemos bichos ferozes, prontos para destruir quem, mesmo com razão, contradiz nossos interesses - hoje, quando as relações sociais são tão esquisitas, a doce lembrança de Dona Maria-José faz toda a diferença: Boa Nova, Uma Utopia!

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